O que é Política de Estoques?
Você acha que políticas de estoque é apenas estoque de segurança? Pode ter certeza que não, inclusive cuidar bem do seu estoque em épocas de juros altos, em que eles estão mais caros que nunca, deveria ser prioridade para qualquer indústria. Mas então, o que são as famigeradas políticas de estoque? Descubra tudo sobre isso nesse artigo escrito pelo CEO da NEO, Marcel Meyer.
Políticas de Estoque
Entendendo os Fundamentos:
Você acha que políticas de estoque é apenas estoque de segurança? Pode ter certeza que não, inclusive cuidar bem do seu estoque em épocas de juros altos, em que eles estão mais caros que nunca, deveria ser prioridade para qualquer indústria. Mas então, o que são as famigeradas políticas de estoque?
As políticas de estoque desempenham um papel crucial na gestão eficiente de uma empresa industrial. Elas envolvem a definição de diretrizes e procedimentos para a aquisição, armazenamento e gerenciamento de materiais e produtos, desde a matéria-prima até os semiacabados e acabados. A principal finalidade dessas políticas é garantir que a empresa tenha a quantidade certa de estoque no momento adequado, minimizando custos e evitando excessos ou falta de produtos. Existem algumas frentes possíveis para trabalhar com tais políticas:
- Estratégia de Ressuprimento – Tipos de Revisão
Primeiramente é necessário decidir como será realizada a reposição de itens importantes para a empresa. E há as seguintes formas:
- Reposição ou Revisão Contínua: O estoque é monitorado continuamente e um pedido é acionado assim que o nível de estoque atinge um ponto de reposição predefinido. O tamanho do pedido geralmente é fixo (como um lote econômico) ou múltiplo deste lote.
- Reposição ou Revisão Periódica: O estoque é revisado em intervalos fixos de tempo (por exemplo, semanalmente ou mensalmente). O tamanho do pedido é feito com base na quantidade necessária para levar o estoque a um nível pré-determinado.
A Revisão Periódica é útil para casos de matérias-primas essenciais e críticas, normalmente bom alta demanda e lead times mais curtos, assim como um custo de compra baixo devido ao volume normalmente adquirido (habitualmente já amarrado a algum contrato). Já a Revisão Contínua é ideal quando o custo de compra é mais alto, ou o comportamento da demanda do item não é tão linear e/ou o próprio custo deste material é alto e uma revisão periódica poderia acarretar excesso.
Podemos ainda definir uma estratégia diferente para um item, que é a reposição contra Pedido. Esta é utilizada para itens em que não é interessante manter estoque constante, e sim repor o mesmo apenas quando um pedido é realizado. Ela não é tradicionalmente citada como um tipo de reposição quando se enxerga cenários make-to-stock (MTS), pois representa uma orientação make-to-order (MTO). Contudo, como a decisão sobre produzir ou comprar para estocar ou contra pedido fica à cargo da empresa, é importante saber que sempre se pode redefinir se um item deve ser MTO ou MTS, principalmente se a demanda é dinâmica no médio/longo prazo.
- Gestão dos Níveis de Estoque
Se todas as empresas pudessem ressuprir seu inventário instantaneamente, não seria necessário planejar, pois seria apenas responder à demanda imediata. Mas a realidade não é nem perto disso. Logo, precisamos pensar em quanto queremos ter de estoque e quando vamos repor. Compreendendo a sua demanda futura e o tempo de reposição do estoque, é possível fazê-lo. Quais são esses níveis ou volumes a serem definidos?
Estoque de Segurança: O estoque de segurança é a sua proteção contra oscilações de demanda e oferta. Em teoria é para não ser consumido jamais. É guardado para eventos extremos.
Estoque Mínimo: o estoque mínimo pode ser o próprio estoque de segurança, ou pode ser um pouco acima, sendo o ponto mais baixo em que ele chegará quando a sua reposição finalmente chegar. É o extremo inferior do “gráfico de dente de serra”.
Ponto de Ressuprimento ou de Pedido: é o ponto em que se realiza o pedido (seja de compras ou de produção) dentro da estratégia de revisão contínua.
Estoque de Ciclo: é basicamente o estoque entre a posição no momento do pedido e o estoque mínimo. É aquele volume que está sempre girando.
Estoque Máximo: é o volume em que se chegará no momento em que o estoque for reposto com um novo lote planejado. É o pico mais alto do “gráfico de dente de serra”.
- Lotes
Os lotes normalmente são regras empíricas nas indústrias, porém também podem ser calculados para uso em cadeias produtivas mais maduras. São eles:
- Lote Econômico de Compra (LEC ou EOQ – Economic Order Quantity): é o lote com menor custo para a empresa. Ele leva em consideração parâmetros de demanda anual, custo por pedido e custo de manutenção anual do estoque (carrying cost). Como estes 3 parâmetros podem variar muito em alguns casos, ou serem definidos com base em premissas muito subjetivas de rateio nos custeios, é bom sempre avaliar com cuidado o uso de LEC.
- Lote Mínimo de Produção ou Compras: é o lote mínimo em que faz sentido produzir ou comprar um item. Para produção, usualmente é definido pela área industrial, e é um parâmetro para se cuidar, dado que muitas vezes foi definido há muitos anos e nunca mais foi reavaliado ou criticado. Em Compras, normalmente é imposto pelo fornecedor;
- Lote Múltiplo de Produção ou Compra: múltiplo para produzir ou comprar, muitas vezes equivalente ao lote mínimo (mas nem sempre). Quando não é igual a uma unidade, normalmente é definido a partir de algum processo de ocorre em bateladas ou por unidade de transporte (uma caixa, palete, bobina), o que torna evidente essa quebra por lote.
- Lote Máximo de Produção: limite para um lote de produção. Normalmente definido pela gestão para melhoria da rastreabilidade dos materiais (lotes muito grandes são mais difíceis de rastrear) ou por questões regulatórias (como na indústria farmacêutica, por exemplo).
- Segmentação (as curvas)
Aqui vemos as famosas curvas. A mais famosa é certamente a ABC. Porém há outras, como a XYZ, 123, PQR, entre outras. Se quiser conhecer mais sobre cada uma delas, confira o post exclusivo sobre o assunto aqui.

- Métodos Específicos e Análises
Ainda há metodologias mais específicas para gerenciar estoques, como o Just-In-Time (JIT), que busca minimizar ao máximo os estoques, pedindo apenas o necessário para a produção de curto prazo, com reposição ágil, e o Just-In-Case, que faz o oposto à medida que “arredonda” os lotes de compra para atender demandas futuras e assim economizar no valor unitário da compra.
Além destes, as políticas de estoque inferem uma série de análises que buscam melhorar a saúde, como giro de estoque, frequência de vendas, rupturas (stockouts), lead times médios de reposição e seus desvios-padrões, custos de manutenção e armazenagem, índice de obsolescência e até informações de planejamento de demanda e da área de compras, como o Supplier Scorecard. Ou seja, informações que podem ser criticamente úteis para a tomada de decisão sobre quanto guardamos em estoque e quanto pedimos para comprar ou produzir são relevantes para tais políticas.
Em suma, as políticas de estoque são essenciais para a operação eficaz de uma empresa industrial. Elas ajudam a garantir que os materiais necessários estejam disponíveis quando necessários, ao mesmo tempo que controlam os custos e otimizam os processos. Uma gestão de estoque bem planejada pode levar a uma melhor satisfação do cliente, redução de desperdícios e aumento da lucratividade.